Friday, March 23, 2007
Thursday, March 22, 2007
Friday, February 09, 2007
Wednesday, February 07, 2007
Friday, December 29, 2006
SEM COMENTARIOS
Morreu mais uma menina, a Sara.
Vítima de maus tratos inflingidos pelos pais.
Neste país onde se matam crianças à pancada é espantosa a preocupação de alguns:
Vítima de maus tratos inflingidos pelos pais.
Neste país onde se matam crianças à pancada é espantosa a preocupação de alguns:
A SOBREVIVÊNCIA DE EMBRIÕES COM 10 SEMANAS DE GESTAÇÃO.
Tuesday, December 26, 2006
DIA DE NATAL
Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos, como se de anjos fosse,
numa toada doce, de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locator anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha, salta da cama, corre à cozinha mesmo em pijama. Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza da matutina luz
aguarda-o a surpresa do Menino Jesus.
Jesus o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está! E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papa fingiam
que caíam crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal, Dia de Amor, de Paz,
de Felicidade, de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
ANTONIO GEDEÃO
DESCULPEM O ATRASO MAS TIVE PROBLEMAS COM A NETE
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos, como se de anjos fosse,
numa toada doce, de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locator anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha, salta da cama, corre à cozinha mesmo em pijama. Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza da matutina luz
aguarda-o a surpresa do Menino Jesus.
Jesus o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está! E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papa fingiam
que caíam crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal, Dia de Amor, de Paz,
de Felicidade, de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
ANTONIO GEDEÃO
DESCULPEM O ATRASO MAS TIVE PROBLEMAS COM A NETE