Thursday, November 30, 2006

A QUADRILHA


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

RESPOSTA AO DESAFIO

É com muito prazer, que respondo ao dasafio lançado pela QUARTOCRESCENTE.

Tendo sido complicado descobrir as minhas manias, porque para mim podem não ser, porque já fazem parte de mim. Mas lá vai:

1 - Ao acordar ligo logo o HI-FI que têm sempre um CD de musica erudita e ponho o som um pouco alto.

2 - Depois de tomar banho e de me arranjar, ponho logo um cigarro na boca e bebo 2 cafés bem quentes.

3 - Lei-o sempre a composição dos produtos que compro (enlatados sumos etc....) origem do produto (pais) etc.. e a validade, se me agradar compro se não...........não serve.

4 - Sou muito chato no que respeita de como a minha roupa está engomada e sou eu que a arrumo.

5 - Niguem entra no meu quarto sem que eu tivesse dado autorização (excepto quem me trata da casa), é o meu lugar de pensamento, o meu mundo.


Regulamento:

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher outros cinco bloguistas para entrarem, igualmente no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs o aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog.


Mando o desafio para:

LIFEISAMASTERPIECE

GATXINHOS

QUERIASERUMMENIR

MIRANDAEEU

QUENTESEBOASTERAPEUTAS


Divirtam-se

Wednesday, November 29, 2006

MUITO IMPORTANTE - MUITO IMPORTANTE


O Presidente da República, Cavaco Silva, vai dirigir HOJE, às 20:00 horas, uma mensagem ao país sobre o referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez, apurou a agência Lusa.

Se anunciar hoje a convocação da consulta popular, Cavaco Silva terá de agendá-la para uma data entre 40 e 180 dias depois desse anúncio, ou seja no início de 2007.

Tuesday, November 28, 2006

ARMA SECRETA

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na noite erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente


ANTONIO GEDEÃO

Monday, November 27, 2006

MARIO CESARINY DE VASCONCELOS

Todos por Um

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum

MARIO CESARINY

Principal representante do Surrealismo português, Mario Cesariny, no início de sua produção literária, mostra-se influenciado por Cesário Verde e pelo Futurismo de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Ao integrar-se ao Grupo Surrealista, muda o seu estilo, trazendo para sua obra o "absurdo", o "insólito" e o "o inverossímil". Além de poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo, também dedicou-se às artes plásticas, sobretudo à pintura.

Friday, November 24, 2006

MARIZA ENCHE ROYAL ALBERT HALL


Foto :mariza site




A fadista Mariza conseguiu encher quarta-feira à noite o Royal Albert Hall, a mais prestigiada sala de espectáculos de Londres, num concerto que a artista considerou «um espectáculo único».

Carlos do Carmo, Tito Paris, Jaques Morelenbaum e o Rui Veloso, foram os seus convidados especiais, com que fez que o concerto tivesse vários momentos de improviso.

«Tenho consciência que é muito difícil que uma oportunidade destas se volte a repetir, isto foi um espectáculo único e por isso estou feliz que tenha acontecido neste local tão especial»

O concerto durou mais uma hora do que o previsto, o que o público agradeceu com uma longa ovação de pé.

O concerto de quarta-feira está integrado no festival Atlantic Waves, promovido pela Fundação Gulbenkian, e que todos os anos traz a Londres alguns dos mais conhecidos nomes da música portuguesa.

In Diario Digital

Wednesday, November 22, 2006

O NOSSO MUNDO



Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno
Poisando em ti o meu olhar eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos...

Os meus sonhos agora são mais vagos
O teu olhar em mim, hoje é mais terno...
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e presságios!

A Vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor!...As nossas bocas juntas!...

Florbela Espanca

MAS

Tuesday, November 21, 2006

Mariza Actua Quarta-feira no Royal Albert Hall de Londres


A fadista portguesa Mariza actua esta quarta-feira na mais prestigiada sala de espectáculos de Londres, o Royal Albert Hall.
Depois de ter ganho o prémio World Music da BBC em 2003, Mariza tem sido convidada regular dos principais recintos de Londres, como o Barbican e o Royal Festival Hall, com concertos que acabam sempre esgotados nas bilheteiras.

O concerto, que a própria Mariza já descreveu como "um sonho tornado realidade", está integrado no festival de música portuguesa Atlantic Waves, que todos os anos leva a Londres alguns dos nomes mais conhecidos da música portuguesa.

Neste concerto especial, Mariza vai ser acompanhada pela Orquestra London Session e pelos convidados especiais Carlos do Carmo, Rui Veloso, Tito Paris e Jaques Morelenbaum, o músico brasileiro que produziu o seu mais recente trabalho, "Transparente".

Mariza será acompanhada ainda pelos músicos Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), António Neto (viola), Vasco de Sousa (viola baixo), João Pedro Ruela (percussão) e ainda por um conjunto de cordas britânico.

Ministra da Cultura Desdramatiza Suspensão da Festa da Música

A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, desdramatizou hoje a suspensão da Festa da Música em 2007 pelo Centro Cultural de Belém, considerando que o evento que a substituirá terá uma "melhor programação"."A programação que nós temos para o próximo ano é muitíssimo melhor do que aquela que tivemos para 2006", afirmou a ministra, em declarações aos jornalistas na vila alentejana de Cuba (Beja).

A Ministra da Cultura explicou que se trata de um novo projecto com "um outro perfil e com outra dimensão" e mostrou-se convicta de que haverá uma "programação muitíssimo melhor" no próximo ano, comparativamente com a de 2006 e 2005.Isabel Pires de Lima invocou também as questões orçamentais, afirmando que a Festa da Música "esgotava em três dias uma percentagem absolutamente substancial do orçamento do CCB para a programação".

in PUBLICO 2006/11/21

Festa da Música de 2007 Suspensa por Falta de Verbas

O Centro Cultural de Belém decidiu suspender a Festa da Música de 2007 por falta de verbas, substituindo-a por outra iniciativa menos dispendiosa, anunciou hoje o director do espaço, António Mega Ferreira.
"Tomámos a decisão de suspender a edição de 2007 da Festa da Música, embora seja substituída por outro evento musical, entre 20 e 22 de Abril, que será proposto pelo CCB e com um orçamento muitíssimo inferior", declarou o responsável à rádio TSF.Mega Ferreira explicou que a decisão da administração do CCB foi motivada pela falta de dinheiro para uma iniciativa daquela envergadura, acrescentando que o cenário para a continuação da mesma nos próximos anos "não é dos mais favoráveis".Sobre o evento que substituirá em 2007 a Festa da Música, Mega Ferreira disse que se chamará Dias da Música e será dedicado ao piano, não devendo o seu orçamento ultrapassar um terço do da anterior iniciativa."O tema não será sobre períodos da história da música nem sobre compositores, mas sobre um instrumento. Na primeira edição, vamos dedicar a atenção do festival ao piano", precisou.

in PUBLICO 2006/11/21

Monday, November 20, 2006

TANTA COISA POR........................

Saturday, November 18, 2006

DEDICADO À MIRANDA

TOADA A PORTALEGRE

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
À qual quis como se fora
Feita para eu Morar nela...

Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego.
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De montes e de oliveiras
Ao vento suão queimada
( Lá vem o vento suão!,
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão...)
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem fôr,
Na tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela,
Tinha, então,
Por única diversão,
Uma pequena varanda
Diante de uma janela

Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tosse e gela
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
Derredor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos e sobreiros
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!

Serras deitadas nas nuvens,
Vagas e azuis da distância,
Azuis, cinzentas, lilases,
Já roxas quando mais perto,
Campos verdes e
Amarelos,
Salpicados de Oliveiras,
E que o frio, ao vir, despia,
Rasava, unia
Num mesmo ar de deserto
Ou de longínquas geleiras,
Céus que lá em cima, estrelados,
Boiando em lua, ou fechados
Nos seus turbilhões de trevas,
Pareciam engolir-me
Quando, fitando-os suspenso
Daquele silêncio imenso,
Sentia o chão a fugir-me,
- Se abriam diante dela
Daquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Na casa em que morei, velha,
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
À qual quis como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego...

Ora agora, ?
Que havia o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Que havia o vento suão
De se lembrar de fazer?

Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for, ?
Que havia o vento suão
De fazer,
Senão trazer
Àquela
Minha
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
O documento maior
De que Deus
É protector
Dos seus
Que mais faz sofrer?

Lá num craveiro,que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus...,
E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
Á qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...
?Como é que o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Me trouxe a mim que, dizia,
Em Portalegre sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Me trouxe a mim essa esmola,
Esse pedido de paz
Dum Deus que fere ... e consola
Com o próprio mal que faz?

Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
Me davam então tal vida
Em Portalegre; cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Me davam então tal vida
- Não vivida!, sim morrida
No tédio e no desespero,
No espanto e na solidão,
Que a corda dos derradeiros
Desejos dos desgraçados
Por noites do tal suão
Já varias vezes tentara
Meus dedos verdes suados...

Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tôsca e bela
À qual quis como se fôra
Feita para eu morar nela!

Lá no craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Nasceu essa acàciazinha
Que depois foi transplantada
E cresceu; dom do meu Deus!,
Aos pés lá da estranha casa
Do largo do cemitério,
Frente aos ciprestes que em frente
Mostram os céus,
Como dedos apontados
De gigantes enterrados...
Quem desespera dos homens,
Se a alma lhe não secou,
A tudo transfere a esperança
Que a humanidade frustrou:
E é capaz de amar as plantas,
De esperar nos animais,
De humanizar coisas brutas,
E ter criancices tais,
Tais e tantas!,
Que será bom ter pudor
De as contar seja a quem for!

O amor, a amizade, e quantos
Mais sonhos de oiro eu sonhara,
Bens deste mundo!, que o mundo
Me levara,
De tal maneira me tinham,
Ao fugir-me,
Deixando só, nulo, vácuos,
A mim que tanto esperava
Ser fiel,
E forte,
E firme,
Que não era mais que morte
A vida que então vivia,
Auto-cadáver...

E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casa que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos, -
A minha acácia crescia.

Vento suão!, obrigado...
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado
Sem eu sonhar, me chegara!

E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.

José Régio

Thursday, November 16, 2006

O PINTOR

Wednesday, November 15, 2006

O POETA

JOSÉ RÉGIO



CÂNTIGO NEGRO


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Monday, November 13, 2006

José Saramago - As Pequenas Memorias



Foi posto à venda no dia 10 o novo livro de José Saramago, AS PEQUENAS MEMÓRIAS (Editorial Caminho). O lançamento terá lugar na aldeia natal do autor, a ribatejana Azinhaga, no dia 16, em que completa 84 anos de idade. in JL de 08/11/06

FOTO: PERIODISTA Digital

Friday, November 10, 2006

MEIO SÉCULO DE CARREIRA

È verdade, o grande actor agora em cena no palco do Teatro Aberto no papel de GALILEU, faz meio-século de carreira. Nasceu em Coimbra em 1937, em 1956 estreou-se no Teatro do Gerifalto, foi cenógrafo, pela mão de António Manuel Couto Viana. Pelo caminho ficou o Curso de Arquitectura interrompido no 4º ano. Perdeu-se um arquitecto, mas ganhou-se um actor.......E DOS MELHORES.

Parabens AMIGO

Tuesday, November 07, 2006

Os Poemas do Mestre

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão



Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

Monday, November 06, 2006

HOMENAGEAR O POETA E PEDAGOGO


ANTONIO GEDEÃO
(1906-1997)


Comemora-se este mês o centenário do nascimento do 'ALQUIMISTA DAS PALAVRAS', RÓMULO VASCO DA GAMA DE CARVALHO, professor, pedagogo, investigador de História da Ciência em Portugal e poeta sob o pseudónimo de ANTÓNIO GEDEÃO. São dele vários poemas, entre eles 'PEDRA FILOSOFAL' e 'LÁGRIMA DE PRETA'

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra. (in C.I.T.I.)


Aqui fica a minha pequena homenagem ao MESTRE.

O violino de Beethoven


Ludwig van Beethoven

O violino de Beethoven, o violino marcado com a inicias de Beethoven, o violino original que recebeu do Conde LICHNOWSKI em 1800, brilhantemente tocado pelo violinista DANIEL SAPEC, o violino que foi gentilmente cedido pela CASA BEETHOVEN em Bona, que tambem permitiu a utilização pelo pianista ANDREAS STAIER do piano Graf de 1824, réplica do ultimo piano do compositor, são os instrumentos que se ouvem no CD de BEETHOVEN recentemente editado pela HMUNDI, onde constam as Sonatas para Violino e Piano nºs 4 e 7, op's 23 e 30, respectivamente, como tambem as Variações sobre "Su vuol ballare", da Opera A BODAS DE FIGARO de Mozart.

in JL de 25out06

Friday, November 03, 2006



DANIEL BARENBOIM

Thursday, November 02, 2006

BARENBOIM by Cristina Fernandes

Foi com uma longuíssima ovação e aplausos de pé que terminou a primeira apresentação de Daniel Barenboim, com a Orquestra Gulbenkian, no domingo. Uma reação previsível após o apoteótico final do Concerto para Piano nº 1, de Liszt, mas que certamente tinha também implícita uma homenagem à acção do prestigiado maestro e pianista israelo-argentino em prol de causas humanitárias, nomeadamente através do uso da música como apelo à tolerância no Médio Oriente. Outra das linhas de intervenção de Barenboim tem sido o apoio aos jovens músicos, como ficou demonstrado na Gulbenkian, onde tocou o Triplo Concerto para Violino, Violoncelo e Orquestra, op. 56, de Beethoven, com o seu filho Michael e com o jovem violoncelista bielorusso Kyril Zlotnikov. Este foi um dos músicos selecionados por Barenboim para a sua gravação recente da integral dos Trios de Mozart na EMI. No entanto a associação destes três músicos com experiências tão diferentes resultou desequilibrada. O ainda muito jovem violinista Michael teve uma actuação muito compenetrada mas não tem ainda a maturidade para tão altos voos. Zlotnikov mostrou carisma e uma sonoridade brilhante e atraente, mas não evitou alguns deslizes técnicos e certos maneirismos. Barenboim evidenciou o seu habitual pianismo robusto e a Orquestra Gulbenkian, sob a direcção envolvente de Foster, mostrou um bom rendimento e algumas belas e subtis sonoridades nas cordas. Barenboim escolheu obras de épocas muito diferentes, que têm em comum tratarem de forma pouco convencional o género concerto. O Concerto para Piano, op. 42, de Schoenberg, é uma espécie de sinfonia concertante com piano solista, onde Barenboim e a Orquestra mostraram uma boa sintonia, ainda que os contrastes de cor e dinâmica, bem como a caracterização de ambientes, pudesse patentear um trabalho mais profundo. Barenboim terminou com o célebre Concerto para Piano nº 1, de Liszt, numa interpretação vulcânica de grande virtuosismo técnico, patente logo desde a enunciação do famoso tema inicial, mas que nos trouxe também passagens de grande lirismo, onde Barenboim mostrou que também consegue ser poético. Mas foi sobretudo a energia, a robustez da toucher e a exuberante dimensão pirotécnica da obra de Liszt, que mais marcaram a actuação de Barenboim, que contou com uma Orquestra Gulbenkian em boa forma, onde se destacaram (ainda em Liszt) os inspirados solos da clarinetista Esther Georgie